terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Deus ajuda quem cedo madruga


Acordar cedo é uma das coisas mais difíceis de se fazer...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Vida Besta

O último pôr-do-sol


(Lenine)

A onda ainda quebra na praia,
espumas se misturam com o vento.
No dia em ocê foi embora,
eu fiquei sentindo saudades do que não foi
lembrando até do que nao vivi pensando nos dois

Eu lembro a concha em seu ouvido,
trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em ocê foi embora,
eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
por entre as ruínas de Santa Cruz lembrando nós dois

Os edifícios abandonados,
as estradas sem ninguém,
óleo queimado, as vigas na areia,
a lua nascendo por entre os fios do teus cabelos,
por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas

Pois no dia em que ocê foi embora,
eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém,
o ultimo homem no dia em que o sol morreu

sábado, 1 de dezembro de 2007

Para Viver Um Grande Amor


Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.


Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

domingo, 25 de novembro de 2007

Pelo tempo que durar


(Marisa Monte)

Nada vai permanecer
No estado em que está

Eu só penso em ver você
Eu só quero te encontrar

Geleiras vão derreter
Estrelas vão se apagar

E eu pensando em ter você
Pelo tempo que durar

Coisas vão se transformar
Para desaparecer

E eu pensando em ficar
A vida a te transcorrer

E eu pensando em passar
Pela vida com você

(uma declaração de amor)

sábado, 24 de novembro de 2007

Na sua estante


(Pitty)


Te vejo errando e isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícia
'Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Refrão:
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Refrão:
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Insônia


Já fui ao banheiro, já liguei e desliguei a televisão, já abri e fechei um livro, já li uma dezena de páginas, já rolei para cá para lá, já fiz uma lista de coisas que preciso fazer, já senti saudades, já pensei no amanhã, já ponderei decisões, ainda estou indecisa, já imaginei uma bela paisagem, já lembrei de um momento especial, já travei conversas fantasiosas, já fiz contas, já ouvi o galo cantar, já me escondi debaixo das cobertas, já destapei os pés, já me cocei toda, já fiz cafuné em mim mesma, já contei carneirinhos e nada, nada me fez dormir... e eu só preciso dormir, eu só preciso descansar, eu só preciso de um tempo...

domingo, 18 de novembro de 2007

Procrastinar

Procrastinar: vt. 1. Adiar. int. 2. Usar de delongas



Como o Calvin, faço isso o tempo todo.
Deixo para depois, para o último minuto.

Porque é bom não fazer nada.
Porque sempre dá certo no final.
Porque nem tudo me atrai.
Porque começar é sempre difícil.
Porque tenho medo do meio.
Porque nunca me satisfaço com o final.
Porque o princípio da inércia explica.
Porque...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Caretas



Vamos fazer caretas?

Para tentar espantar a tristeza,
para tentar espantar o tédio,
para tentar espantar o cansaço,
para tentar espantar a solidão,
para tentar espantar a confusão,
para tentar espantar a dor,
para tentar espantar a inibição,
para tentar espantar ...

sábado, 10 de novembro de 2007

Coisas do tempo


"Com o tempo, não vamos ficando sozinhos apenas pelos que se foram:

vamos ficando sozinhos uns dos outros."


Mário Quintana, Caderno H. 6a ed. São Paulo: Globo, 1995, p. 3.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Sobre a morte e sobre conversar


Do depósito do Calvin

Sobre o mau humor

"O Senhor afirmou que o mau humor é um vício; acho isso um exagero".

"Em absoluto", repliquei, "se esta for a palavra adequada para designar uma coisa que prejudica a nós mesmos e ao próximo. Já não basta o fato de sermos incapazes de proporcionar felicidade aos nossos semelhantes? É preciso ainda estragar o prazer que o outro às vezes pode encontrar no próprio coração? Aponte-me uma pessoa que, estando de mau humor, seja estóica o suficiente para ocultá-lo e suportar tudo sozinha, sem destruir a alegria dos que estão ao seu redor! Mas não seria o mau humor, antes de mais nada, uma exasperação interior por reconhecermos nossa inferioridade, um descontentamento com relação a nós mesmos, que vem sempre acompanhado de um sentimento de inveja, provocado por alguma vaidade tola? Vemos pessoas felizes, sem que tenhamos contribuído para a sua felicidade, e isso nos é insuportável".


J. W. Goethe, Os sofrimentos do jovem Werther, Martins Fontes, 1998, p. 41

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Amor de índio


Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo, viver a teu lado
Com o arco da promessa
No azul pintado pra durar
Abelha fazendo o mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sol é sagrado
E alimenta de ouro horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir teu calor e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado, sim.

Beto Guedes e Ronaldo Bastos

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

...


Chuva, frio, silêncio, dor... muita dor.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Morrer...


a separação amorosa significa a presença da morte em vida.

(I. Caruso. A separação dos amantes: uma fenomenologia da morte. SP: Cortez, 1981)

Tem dias...


Tem dias que eu me sinto assim...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Velha infância



Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo

Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa

De ser criança
Da gente brincar
Da nossa velha infância

Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só

Você é assim
Um sonho pra mim
Quero te encher de beijos

Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito

Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor

E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa

De ser criança
Da gente brincar
Da nossa velha infância.


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Autoconceito


Estou estudando bastante sobre o autoconceito. O meu não é muito bom, não. Tem gente que diz que ele é distorcido. Eu queria acreditar nisso realmente.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O caminho

O Caminho, de Suzart

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Se não houvesse a distância

seria enlouquecedor...
como nos dias em que tudo acontece ao mesmo tempo!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

TPM

Horário de verão


Eu adoro o horário de verão... mas estou sentindo muita falta da hora roubada entre o último sábado e domingo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Dia do Professor


Irritação e ensinamento

"É difícil ensinar aqueles com quem estamos irritados", disse o Sr. Keuner. "Mas é muito necessário, pois são os que mais necessitam".

Bertold Brecht, Histórias do Sr. Keuner, Editora 34, 2006.

domingo, 14 de outubro de 2007

Banhos de chuva



Banhos de chuva lavam a alma?

Banhos de chuva purificam o espírito?

Banhos de chuva acabam com as dúvidas?

Banhos de chuva devolvem a alegria?

Banhos de chuva...


Acho que vou tomar um banho de chuva.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Dia das Crianças



Eu tenho um espírito infantil: preciso dormir um monte, sair para passear, brincar, ler uma boa história, comer um monte de baboseira, acreditar em papai noel e que tudo vai ficar bem...

Por que crescer é inevitável?

Dicas de crianças

RecadosAnimados.com
RecadosAnimados.com

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O pequeno príncipe



"As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas,
e é cansativo, para as crianças,
estar toda a hora explicando".


Antonie de Saint-Exupéry

O Sr. Keuner e o desenho de sua sobrinha


O Sr. Keuner observou o desenho da sua sobrinha pequena. Representava uma galinha, voando sobre um pátio. "Por que a sua galinha tem três pernas?", perguntou por ele. "As galinhas não voam", respondeu a pequena artista, "por isso precisei de mais uma perna para dar o impulso".

"Estou contente por ter perguntado", disse o Sr. Keuner.

Bertolt Brecht, Histórias do Sr. Keuner, Editora 34, 2006.

sábado, 6 de outubro de 2007

Sobre psicoterapia

"quatro dados são particularmente relevantes para a psicoterapia:
- a inevitabilidade da morte para cada um de nós e para aqueles que amamos,
- a liberdade de viver como desejamos,
- nossa condição fundamental de solidão, e
- finalmente, a ausência de qualquer significado ou sentido óbvio para a vida".

Yalom, Irvim D. O carrasco do amor e outras histórias sobre psicoterapia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Sobre medo ainda

Sobre os medos humanos

MIEDO
(com Julieta Venegas)

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo do miedo que da

Tienen miedo de subir e miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir e miedo de aguantar
Miedo que da miedo do miedo que da

El miedo es una sombre que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor

Têm medo de gente e de solidão
Têm medo da vida e medo de morrer
Têm medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Têm medo de ascender e medo de apagar
Têm medo se espera e medo de partir
Têm medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se perta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrar-se y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

Têm medo de parar e medo de avançar
Têm medo de amarrar e medo de quebrar
Têm medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave que apagou a vida
O medo é uma bracha que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrêgo, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara
Ou escondido no porão
Medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
Medo é de Deus ou do Demo?
É ordem ou é confusão?
O medo é medonho
O medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara, medo de encarar
Medo de calar a boca, medo de escutar
Medo de passar a perna, medo de cair
Medo de fazer de conta, medo de iludir

Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo que dá medo do medo que dá
Mm, medo que dá medo do medo que dá

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Estudar


Estudar
é brincar
é transformar
é experimentar
é descobrir
é questionar
é inventar
é avançar
apesar do que não se sabe

Conversa entre irmãos


Meu irmão caçula sempre que me encontra e me percebe triste me pede:


- Dianne, me conta uma coisa boa!


Ele sempre pede e eu sempre me surpreendo, ele sempre espera e eu sempre me calo.


Desculpa, Giuliano.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Sobre a tristeza


Tem dias que a tristeza é inevitável...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Sobre interação social

"Foi Hinde quem operacionalizou, de forma mais clara, as concepções de interação e relação social. Para esse autor, a interação social inclui, no mínimo, o comportamento X emitido pelo indivíduo A em direção ao indivíduo B e a resposta Y de B para A. A relação social, que inclui as interações estabelecidas durante um longo período de tempo, possui características próprias que são distintas das interações, tais como intimidade e compromisso" (Aspesi e cols, A Ciência do Desenvolvimento, p. 25, 2005).



O que você acha? isso basta para explicar o que há entre "eu-tu", "eu-ele", "tu-ele", "eu-tu-ele"?


Sobre conviver


A arte de viver é simplesmente a arte de conviver

...

simplesmente, disse eu?

Mas como é difícil!


Mário Quintana


segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Celebração da voz humana

"Tinham as mãos amarradas, ou algemadas, e ainda assim os dedos dançavam, voavam, desenhavam palavras.

Os presos estavam encapuzados; mas inclinando-se conseguiam ver alguma coisa, alguma coisinha, por baixo. E embora fosse proibido falar, eles conversavam com as mãos.

Pinio Ungerfeld me ensinou o alfabeto dos dedos, que aprendeu na prisão sem professor:
- Alguns tinham caligrafia ruim - me disse -. Outros tinham letra de artista.

A ditadura uruguaia queria que cada um fosse apenas um, que cada um fosse ninguém: nas cadeias e quartéis, e no país inteiro, a comunicação era delito.

Alguns presos passaram mais de dez anos enterrados em calabouços solitários do tamanho de um ataúde, sem escutar outras vozes além do ruído das grades ou dos passos das botas pelos corredores.

Fernández Huidobro e Mauricio Rosencof, condenados a essa solidão, salvaram-se porque conseguiram conversar, com batidinhas na parede. Assim contavam sonhos e lembranças, amores e desamores; discutiam, se abraçavam, brigavam; compartilhavam certezas e belezas e também dúvidas e culpas e perguntas que não têm resposta.

Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada".


Eduardo Galeano, O livro dos abraços, L&PM, 1997.


domingo, 30 de setembro de 2007

Sobre não entender os adultos



Ainda há coisas do mundo dos adultos que não entendo...
Outras das quais eu quero esquecer...
Outras das quais é imprescindível viver.

Sobre a igualdade


Do Clube da Mafalda





Eu queria ser assim:

feliz...


feliz sem motivo;

feliz sem causa;
feliz sem compromisso;

feliz sem (des)culpa;

feliz sem destino...

simplesmente feliz.

Sobre a fé

sábado, 29 de setembro de 2007

Todo mundo um dia II

Todo mundo um dia teve medo do escuro
Todo mundo um dia ja sentiu-se inseguro
Todo mundo um dia foi culpado injustamente
Todo mundo um dia não gostou de algum presente
Todo mundo um dia esteve preso ao passado
Todo mundo um dia já sofreu por ter amado
Todo mundo um dia escolhe a música errada
Todo mundo um dia ja errou a estrada

Todo mundo dia vai voltar
Ao mesmo lugar que começou
Todo mundo um dia vai provar
Que só será feliz quem já errou

Todo mundo um dia já ficou arrependido
Todo mundo um dia já esteve dividido
Todo mundo um dia já errou a roupa
Todo mundo um dia já beijou pensando em outra
Todo mundo um dia vai sonhar que esta voando
Todo mundo um dia vai negar que esta chorando
Todo mundo um dia disse não querendo sim
Todo mundo um dia vai dizer volta pra mim

Todo mundo dia vai voltar
Ao mesmo lugar que começou
Todo mundo um dia vai provar
Que só será feliz quem já ERROU

Todo mundo dia vai voltar
Ao mesmo lugar que começou
Todo mundo um dia vai provar
Que só será feliz quem já AMOU

(Mr. Pi, o Everton Cunha - Vocal, Diego Dias - Teclados e Letra)


Todo mundo um dia

Todo mundo um dia vai morrer
Todo mundo um dia vai saber
Que todo mundo nem sempre fala a verdade
Que todo mundo tem um pouco de maldade

Todo mundo tem um ponto fraco
Todo mundo um dia acha a vida um saco
Todo mundo um dia perde quem se ama
Todo mundo um dia não quer sair da cama

Todo mundo um dia perde a calma
Todo mundo um dia lava a alma
Todo mundo um dia disse adeus
Todo mundo um dia duvidou de Deus

Todo mundo um dia canta no banheiro
Todo mundo um dia tem mal cheiro
Todo mundo um dia sente medo
Todo mundo guarda um segredo

Todo mundo todo dia sente fome
Todo mundo um dia esquece o nome
Todo mundo um dia gostaria de sumir
Todo mundo um dia vai pedir Desculpa

Todo mundo um dia perde a calma
Todo mundo um dia lava a alma
Todo mundo um dia disse adeus