domingo, 28 de setembro de 2008

A Voz Do Silêncio


Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
“Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!”

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.

sábado, 27 de setembro de 2008

A solidão precisa ser criativa!


...Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.


Clarice Lispector

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Bye, bye tristeza

Ninguém aquí é puro, anjo ou
Demônio
Nem sabe a receita de viver feliz
Não dá pra separar o que é
Real do sonho
E nem eu de você
E nem você de mim
E nem eu de você
E nem você de mim

Eu não to aqui pra sofrer
Vou sentir saudade pra quê?
Quero ser feliz
Bye bye, tristeza
Não precisa voltar

Já sei andar sozinho sem pedir
Conselho
Se eu sofrer, quem é que vai
Chorar por mim?
Já sei olhar pra mim
Sem precisar de espelho
Não me diga que não
E nem me diga sim
Não me diga que não
E nem me diga sim

Eu não to aqui pra sofrer
Vou sentir saudade pra quê?
Quero ser feliz
Bye bye, tristeza
Não precisa voltar

(Sandra de Sá)